REFLEXÕES ACERCA DA AGRESSIVIDADE

A agressividade está relacionada a uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo e ainda encontra-se como centro de uma diversidade de estudos que discorrem, hora tendo como base, sua origem nos fatores sociais do indivíduos e hora, tendo como base, os fatores físicos ou biológicos, porém, o que se não pode negar, é que inevitavelmente, as características agressivas e comportamentos atípicos e aversos ao convencional, são traços distintos e que, na grande  maioria das vezes, esse desvio costuma ser estruturado desde a infância e na adolescência, sendo gerado por meios de comportamentos agressivos que são nomeados de transtorno de conduta (KAPLAN, 2003).

Na área das doenças mentais (ao menos pode-se considerar para alguns autores, porém para outros não), a psicopatia como desencadeador dos processos mais visíveis nas situações de agressão, a mesma sendo uma constante, porém, apresentando-se com uma diversidade de roupagem, dependendo do interesse desse indivíduo. Ela pode apresentar-se também na área sexual, com atitudes incomuns ou bizarras, ou em forma de humilhação ao outro, seja fisicamente ou verbalmente.

No que concerne a agressividade relacionada as questões físicas e biológicas Natrielli et al. (2012), citado por Santos et al (2013), relata que disfunções do lobo frontal associam-se a agressividade e existem evidências de associação entre danos da área pré-frontal e subtipos de impulsos de comportamentos agressivos. Existem informações conflitantes sobre o papel da amídala e o comportamento agressivo. Ainda que seja mais conhecida por ser ativada durante situações de medo, essa área pode ter uma função mais vasta no processamento de estímulos emocionais.

Santos et al (2013) ainda afirma que, são inúmeros os estudos realizados pela comunidade cientifica com pessoas sadias, voluntários em procedimentos experimentais sobre agressividade e pacientes com transtornos psiquiátricos diferentes, desenvolvidos no intuito de desvendar a participação de um neurotransmissor ou um grupo de substâncias endógenas nas manifestações de agressividade. Através destas descobertas, vantagens evidentes relacionam à possibilidade de prevenção dessas alterações, nos indivíduos com tendência, ao tratamento clínico, farmacológico ou cirúrgico, nas pessoas com alterações relevantes ou irreversíveis (CARVALHO & SUECKER, 2011).

Segundo Carvalho e Suecker (2011, p. 8):

Estudos científicos demostram a participação principal da serotonina e noradrenalina e secundária de outros neurotransmissores com função inibitória sobre o funcionamento de neurônios, como a dopamina e o ácido gama aminobutírico. A relação entre neurotransmissores e agressividade é uma das áreas a qual são realizadas intensamente pesquisas na psiquiatria biológica. Apesar de contradições, a maioria dos estudos com humanos aponta a deficiência de serotonina, por fatores dietéticos ou endógenos, como importante na expressão de comportamentos de agressão impulsiva. As características de personalidade destes indivíduos poderiam ser descritas como uma tendência a agir impulsivamente, com dificuldade para parar e raciocinar sobre o que estão cometendo (CARVALHO; SUECKER, 2011, SANTOS et al, 2013).

Os estudos realizados pela comunidade cientifica com pessoas sadias, voluntários em procedimentos experimentais sobre agressividade e pacientes com transtornos psiquiátricos diferentes, foram desenvolvidos no intuito de desvendar a participação de um neurotransmissor ou um grupo de substâncias endógenas nas manifestações de agressividade.

A partir desses achados, pode-se avaliar, que os mesmos são de extrema importância no que concerne as questões voltadas para a prevenção,  e que, com base nesses estudos, muito se pode entender com relação ao desenvolvimento e formas de lidar com o fenômeno, como  na afirmação a seguir:

Através destas descobertas, vantagens evidentes relacionam à possibilidade de prevenção dessas alterações, nos indivíduos com tendência, ao tratamento clínico, farmacológico ou cirúrgico, nas pessoas com alterações relevantes ou irreversíveis (CARVALHO; SUECKER, 2011, Apud SANTOS et al, 2013, p. 9 ).

E ainda pode-se dizer que, apesar de contradições, a maioria dos estudos com humanos aponta a deficiência de serotonina, por fatores dietéticos ou endógenos, como importante na expressão de comportamentos de agressão impulsiva. As características de personalidade destes indivíduos poderiam ser descritas como uma tendência a agir impulsivamente, com dificuldade para parar e raciocinar sobre o que estão cometendo, concluí os autores.

Os estudos levantados acerca dos comportamentos agressivos,  remete às questões relacionadas a modelos teóricos que se debruçaram sobre essas duas vertentes: o biológico-conductual ou de condicionamento do processo de socialização, do psicólogo teuto-britânico Hans Jürgen Eysenck (1916-1997), com colaboração do psicólogo e criminalista britânico Gordon Blair Trasler (1929-2002), e o biossocial, do psicólogo norte-americano Sarnoff A. Mednick, na busca de explicar esse comportamento. Não se pode falar sobre a agressividade, sem mencionar os transtornos psiquiátricos que são disparadores da agressividade na grande maioria dos casos, a despeito dos transtornos relacionados a conduta do indivíduo no período da adolescência e a psicopatia no indivíduo adulto (ARAÙJO, 2011).

Algumas personalidades destacam-se das demais por apresentarem características muito fortes, voltadas para a agressividade, em indivíduos que apresentam transtornos mentais, tendo como destaque entre elas, a psicopatia, que encontra-se muito presente em situações de agressão no adulto e nos transtornos de conduta no adolescente. É importante mencionar que as causas do comportamento agressivo estão intimamente relacionadas a fatores genéticos e biológicos complexos, e que, apesar do avanço na área de novas tecnologias que confirma esse achado, a ciência também justifica o comportamento agressivo, as questões vinculadas ao meio social de violência, abandono, abusos, entre outras situações negligentes e inapropriados ao desenvolvimento controlado do aspecto agressivo no sujeito (CARVALHO,SUECKER,2011, SANTOS et al 2013).

Apesar de possuir personalidades diferenciadas as pessoas que fogem a esse padrão comportamental , seguem padrões intrínsecos ao seu próprio eu e que, via de regra, não concebem os padrões sociais como todas as outras pessoas as percebem, apontando assim inevitavelmente, para algum tipo de distúrbio ou confusão mental, requerendo dessa forma, uma melhor observação clínica a respeito. O homem é um ser social, biológico e psíquico, por isso, são vários os fatores que podem influenciar na conduta do mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de um comportamento agressivo, que pode apresentar-se também, em um indivíduo, cuja funções mentais, são prejudicadas. Tais fatores podem ser pessoais, como os distúrbios de personalidade, e do meio, como a exclusão social (MONTEIRO & SILVA, 2013).

A Psicologia relata que, o desenvolvimento do julgamento moral decorre, segundo a concepção da psicologia do desenvolvimento cognitivo (Kohl Berg, em ligação com Piaget) em cinco estágios:

1-orientação pelo castigo (obediência); 2- orientação egoísta-ingênua; 3- orientação pela aprovação social; 4-autoridade e ordem social; 5- orientação pelo contrato legal; e só então 6- orientação pela consciência moral, isto é, por princípios universalmente válidos. Nesse contexto, existem dimensões da conduta moral que são para Hogan: 1-conhecimento das regras morais; 2-socialização; 3-empatia com os outros; 4-autonomia (consciência versus responsabilidade) e 5-julgamento moral (DORSCH; HÄCKER; STAPF, 2001, pp. 184-185, Apud ARAÙJO,2011).

Assim sendo, avalia-se que este sujeito, tem compreensão das leis, entende os seus processos mediante a sociedade, porém o que lhe falta é o conteúdo emocional e de pré-julgamento de suas próprias ações perante essa mesma sociedade e tão pouco, as respeita ou as leva a sério. Com relação ao sexo, Kaplan (2003) assegura que os primeiros sintomas no sexo feminino, apresentam-se na pré-puberdade e no sexo masculino, antes dessa fase e que a incidência apresenta-se maior no homem do que em mulheres. Nesse contexto, entende-se que, o adolescente que apresenta características voltadas para os comportamentos de problemas sérios de conduta, devem ser melhor observados pela escola, no que concerne a aproximação com o mesmo, com a família e com o meio em que o mesmo encontra-se inserido, para que se busque dar a esse adolescente, o acompanhamento e encaminhamentos necessários para minimizar as questões voltadas as suas necessidades de saúde psíquica.

Existe uma gama de teorias que discorrem sobre as questões vinculadas ao surgimento da agressividade no comportamento humano e nas relações sociais, e por muitas vezes, que acabam trazendo situações também de violência no ambiente escolar e em todas as faixas etárias e que também estão vinculadas a fatores externos e internos desse ambiente.

Conceição e Magrini (2008), discorrem sobre o fenômeno da agressividade, através dos estudos realizados, apartir de uma multiplicidade de fatores aos quais estão relacionados a familia e ao meio social do indivíduo e tendo sua definição pautada nos comportamentos inadequados que tem o objetivo de prejudicar o outro e que esse outro, deseja evitar, acrescentando que a agressão pode apresentar-se de forma física, verbal, psicológica e ainda social, tendo para fundamentação dessas afirmações, duas teorias base sobre agressividade humana, que sustentam essa visão e que podem ser agrupadas da seguinte forma:

a)Teorias ativas:  aquelas que defendem a agressividade como impulsos internos e inatos. A agressividade seria algo próprio da espécie humana e, portanto, impossível de evitar; b) Teorias reativas: aquelas que defendem que a agressividade tem influência ambiental. A agressividade seria uma reação aprendida no ambiente (FANTE, 2005, p. 162 apud CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008, p 102 ).

Nesse contexto, entende-se que no que concerne as Teorias ativas, há uma resposta imediata do organismo físico, biológico as situações de conflito, é um componente que faz parte da essência humana que por sua vez, ocasiona um impulso reativo a essas situações. Quando esse impulso violento é voltado para si mesmo, ocasiona por vezes o suicídio e podendo também, desencadear doenças psíquicas e prejuízos mentais, como também, doenças físicas a despeito de muitas doenças crônicas (CONCEIÇÃO E MAGRINI, 2008).

Dessa forma, pode-se partir do pressuposto de que as crianças já nascem com uma determinada predisposição para a agressividade, porém, não necessariamente, pois as mesmas dependem também em parte, do contexto social em que as mesmas encontram-se inseridas e que, por sua vez, possam desencadear nas mesmas, essas reações de agressividade ao meio como forma de defesa ou até mesmo de aprendizagem, como relata Fernández (2005, Apud Conceição  e Magrini, 2008, p. 102-103):

As crianças nem sempre entendem o que está acontecendo com elas, pois são dependentes e desprotegidas. Assim, o adulto precisa cuidar e mediar todo o seu crescimento e amadurecimento, para que suas necessidades e inseguranças sejam atendidas, pois, caso contrário, isso pode gerar situações de medo, de ansiedade e de angústias. Entendemos que todos os humanos podem se tornar agressivos, dependendo da situação envolvida. O que precisamos estabelecer é que a agressividade natural que permeia as relações é diferente da violência, pois esta se torna cruel e gratuito, em que a intenção é de machucar o outro.

No decorrer da história da humanidade, o homem sempre lançou mão da agressividade ou enfrentou-a para a partir dela, se proteger e sobreviver, então este não é um tema específico relacionado a era moderna, mas sim, de fato, importante ao longo da história e que se seguiu com o desenvolvimento das civilizações, onde o homem sempre buscou defender os seus interesses próprios, muito embora, diferindo, em muitos aspectos, da agressividade entre os animais pois, o ser humano encontrou outras formas, ao longo da história da humanidadde para expressar a sua agressividade sem ser pelos motivos anteriormente habituais, ou seja, por alimento ou por território, mas por uma multiplicidade de fatores intrínsecos e extrísecos a ele, que envolvem todo o contexto de desenvolvimento e cultura tecnológica da era da modernidade aos quais não estão presentes as duas características encontradas nas motivações de agressão entre os animais, a saber, a universalidade e a periodicidade, que nos animais acabam, quando atendidas e no ser humano, pode persistir a partir do contexto social (CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008).

É prudente não descontextualizar a discussão sobre a agressividade dos fatores relacionados as questões sociais e familiares. Enquanto alguns autores discorrem sobre as teorias físicas, biológicas e históricas, outros se debruçam nas questões mais visíveis e rotineiras a exemplo da aprendizagem da agressividade pela criança, como fruto de um meio hostil, onde pais e familiares conduzem o processo educativo ou pode-se dizer “deseducativo” dessa criança, onde a mesma é reflexo dessa atitude comportamental.

É notório no ambiente escolar ver crianças e adolescentes interagindo com situações de brigas e desentendimentos, ou até mesmo de uma diversidade de agressões físicas, verbais e psicológicas, e quando se vai investigar, depara-se com filhos de pais agressivos entre si, lares desestruturados ou sem nenhum tipo de cuidado ou respeito com suas crianças e adolescentes. Então, pode-se avaliar que, inevitavelmente, essas crianças e adolescentes copiam e desenvolvem o mesmo tipo de comportamento agressivo e sem nenhum tipo de respeito ao próximo. Isto porque, se de um lado, as crianças absorvem a aprendizagem a partir de suas experiências em todos os âmbitos da vida, por outro, quando torna-se adolescente, depara-se com as questões da diversidade de conflitos internos, onde ainda está na busca de encontrar-se a si mesmo ou ao menos de aprender a lidar  e a enfrentar os desafios da vida de forma coerente ao que aprendeu em seu modelo de absorção de valores e comportamentos que estão, indubitavelmente, relacionados as pessoas que os acompanham desde a infância: pais e familiares (CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008).

                                                                  Autora: Assirlene Xavier

ESTE SITE FOI CRIADO USANDO